Meningites bacterianas agudas em crianças e adolescentes: fatores de risco para óbito ou seqüelas precoces

A presente dissertação tem por objetivo identificar os possíveis fatores de risco associados à evolução desfavorável em crianças e adolescentes com meningite bacteriana aguda (MBA) Casuística e métodos: Estudo de prevalência com análise tipo caso-controle mediante revisão dos prontuários de pacientes com idade de 1 mês a 19 anos internados com MBA no Hospital de Doenças tropicais (HDT) em Goiânia-Goiás durante o período de janeiro de 1998 a dezembro de 2001 Foram considerados casos os pacientes que faleceram ou apresentaram seqüelas evidentes na alta atribuíveis a MBA (n = 96) e controles os pacientes que receberam alta aparentemente com total recuperação (n = 430) Como possíveis fatores de risco para evolução desfavorável foram analisadas as variáveis: idade sexo procedência tempo de doença até a internação uso prévio de antibiótico agente etiológico sinais meníngeos nível de consciência ocorrência de convulsão de disfunção cardiorrespiratória e de alterações laboratoriais referentes a leucometria glicorraquia proteinorraquia e celularidade liquórica A análise univariada e a de regressão logística foram utilizadas para avaliar a associação entre evolução fatal e seqüela neurológica diagnosticada na alta (variáveis dependentes) e cada fator considerado como de risco (variáveis independentes) Resultados: Das 409 crianças e 117 adolescentes com MBA que participaram do estudo 430 evoluíram para cura (81,7%) sem seqüelas aparentes 43 (8,2%) faleceram e 53 (10,1%) apresentaram pelo menos uma seqüela evidente na alta: déficit motor em 23 (43,4%) convulsão em 21 (39,6%) hidrocefalia em 9 (17%) hipoacusia em 7 (13,2%) ptose palpebral em 4 (7,5%), estrabismo em 3 (5,7%) diplopia em 2 (3,8%) ataxia paralisia cerebral, e paralisia facial em 1 (2%) paciente Idade < 2 anos disfunção cardiorrespiratória torpor ou coma convulsão ausência de sinais meníngeos procedência e leucopenia foram os fatores de risco associados a mau prognóstico No entanto idade < 2 anos disfunção respiratória e torpor ou coma mostraram-se independentemente associados com óbito e seqüelas Conclusões: Idade < 2 anos disfunção respiratória e torpor ou coma foram os principais fatores de risco associados independentemente a mau prognóstico A identificação precoce de todos fatores de risco associados a óbito ou seqüelas é importante para a seleção de pacientes que necessitam de cuidados especiais para sustentação das funções vitais durante a internação bem como de acompanhamento após a alta sobretudo até a idade escolar.

MENINGITES BACTERIANAS AGUDAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES FATORES DE RISCO PARA ÓBITO OU SEQÜELAS PRECOCES – Jane Marcia Brito das Neves