A tese parte do fato de que a presença dos meninos na vida de rua em Salvador e em Dacar nem tudo tem a ver, em primeiro lugar, com as crises econômicas que assolam os países ditos de Terceiro-Mundo. No contexto de Salvador, ela se liga muito mais às conseqüências negativas da integração periférica do negro na sociedade brasileira antes e depois da abolição da escravatura. Quanto mais escura é a tonalidade da cor da pele, maiores são as pressões para provocar a desintegração emocional, psíquica e psicológica na família, no bairro, na escola e no dia-a-dia, diluindo-se os sentimentos de pertencimento em todos os planos.