O Psicólogo e os Serviços de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes

Os Serviços de Acolhimento são responsáveis por cuidar das crianças e adolescentes cujas famílias ou responsáveis estão temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção. As atividades a serem desenvolvidas pelos psicólogos nesses serviços são sobremaneira importantes para a elaboração e desenvolvimento do projeto político-pedagógico das mesmas, bem como para a fundamentação das decisões judiciais concernentes ao presente e futuro dos acolhidos. Ao psicólogo, coloca-se o desafio de contribuir para um melhor atendimento à infância, cooperando também com a implementação dos novos parâmetros de atendimento dos serviços de acolhimento. O objetivo desse estudo foi investigar a atuação do profissional psicólogo no âmbito da assistência a crianças e adolescentes nos 13 Serviços de Acolhimento da Região Metropolitana de Natal/RN. Para tanto, propôs-se a realização de visitas às instituições, para conhecer como está organizado o campo de trabalho do psicólogo, sua rotina de trabalho e atividades desenvolvidas. Foram encontrados nove psicólogos, entrevistados de acordo com um roteiro semiestruturado. A análise do material coletado está apoiada nos aspectos teóricos do materialismo-histórico dialético, também foi utilizada a análise de conteúdo temática e o software de análise de dados qualitativos QDA Miner. Os resultados foram apresentados a partir de três eixos de análise: os psicólogos e a estrutura institucional; atividades, métodos e recursos de trabalho; os psicólogos e os referenciais legais do Acolhimento Institucional. O estudo aponta a recente entrada do psicólogo nos Serviços de Acolhimento, aliada a considerável rotatividade desses profissionais. Seu trabalho tem se organizado através do Plano Individualizado de Atendimento, com prioridade para o retorno à família de origem. Além disso, em geral, realizam articulações com a rede de atendimento, elaboração de relatórios, atendimentos individuais e acompanhamentos de processos de adoção. Os profissionais, porém, sentem falta de formações específicas e continuadas sobre a proteção especial, inclusive devido à distância entre o proposto na teoria e a prática. Foi observado um movimento dos psicólogos em distanciar-se de práticas assistencialistas ou repressivas, entretanto, as dificuldades estruturais dos serviços e a ausência de formação continuada parecem limitar o desenvolvimento de uma atuação voltada para a transformação da realidade das crianças e adolescentes atendidos e suas famílias.

O PSICÓLOGO E OS SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES – Tabita Aija Silva Moreira