Inclusão de Pessoas com Deficiência em Espaços não Formais de Educação: Um Estudo dos Centros para Crianças e Adolescentes

Esta pesquisa de abordagem qualitativa teve por objetivo investigar como os Centros para Crianças e Adolescentes (CCAs) vêm tratando a questão da inclusão do público com deficiência em seus espaços. Nas suas ações, a educação não formal figura como perspectiva educativa subjacente às ações de proteção social, visando à promoção do desenvolvimento de competências sociais, cognitivas e afetivas, marcadas por valores de inclusão e protagonismo social, complementando, assim, o processo educacional escolar num conceito ampliado de educação. Nessa lógica, os CCAs podem ser considerados potencialmente qualificados como instituições aptas a desenvolver ações socioeducativas com crianças e adolescentes com deficiência, inclusive em complementaridade à educação escolar, indicando oportunidades para que a abordagem da deficiência seja refletida e reedificada em ambos os espaços. Os procedimentos metodológicos para a coleta de dados foram: entrevistas semiestruturadas com doze profissionais de três CCAs eleitos como campo de pesquisa, análise de documentos e observação participante; ainda, a análise dos dados das entrevistas referenciou-se na análise de conteúdo. A presente pesquisa revelou que a concepção dos profissionais acerca do trabalho que desenvolvem vem acompanhando o deslocamento do eixo assistencialista para o eixo socioeducativo das ações, em consonância com o novo modelo de atuação proposto pela vigente política de assistência social. No entanto, algumas inconsistências práticas foram identificadas no que concerne à tarefa educativa desses serviços e a ideia de complementaridade entre CCAs e escolas, educação formal e não formal e ações intersetoriais, seja para o público com ou sem deficiência. Foi identificado um incipiente avanço gradual, no âmbito da Secretaria Municipal de Assistência Social, ao indicar a inclusão de público com deficiência nos CCAs, porém sem a correspondência de adoção de medidas de acompanhamento técnico junto aos serviços para que esse atendimento seja implementado sob bases inclusivas. Em contrapartida, os CCAs reconhecem a importância e exibem predisposição para empreender tal ação, mas apresentam fragilidade discursiva e prática, a partir de concepções muito difusas e parciais que detêm sobre os temas inclusão e deficiência, evidenciando a necessidade de suporte técnico e formativo aos seus profissionais.

INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO UM ESTUDO DOS CENTROS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES