A Representação de Crianças e Adolescentes Sobre a Inclusão Escolar

Muitas discussões referentes à inclusão escolar vêm sendo realizadas, e a importância do respeito e valorização da diversidade é fundamental para viver em sociedade. O estudo do conhecimento social tem gerado grandes contribuições para diversas questões da sociedade e particularmente, com relação à nossa pesquisa, sobre aspectos da inclusão escolar. Acreditamos que as crianças e os adolescentes têm o que dizer sobre incluir, em suas escolas, sujeitos com deficiência, mesmo sem vivenciar esse processo. Nesse sentido, nossa pesquisa buscou investigar como ocorre a evolução de pensamento de crianças e adolescentes sobre o reconhecimento da diferença; o ambiente físico de uma escola regular que tem crianças/adolescentes com deficiência; e o reconhecimento da deficiência e o respeito e cooperação das crianças/adolescentes sem deficiência com as crianças/adolescentes com deficiência. A hipótese que norteou este estudo foi o fato de que as representações das crianças e adolescentes sobre a inclusão vão se modificando ao longo do desenvolvimento do indivíduo e que, desde cedo, as crianças têm o que falar sobre a inclusão, apresentam soluções e, mesmo não vivenciando a experiência inclusiva na escola, têm o que dizer sobre várias questões relacionadas à inclusão escolar, como o reconhecimento da diferença, da deficiência; sobre um ambiente físico de uma escola regular que atende crianças com e sem deficiência; e sobre relações de respeito e cooperação entre elas e os sujeitos com deficiência. As ações e experiências que os sujeitos têm podem interferir na maneira como eles explicam o processo de inclusão escolar. O objetivo da pesquisa foi conhecer a representação que as crianças e adolescentes de 5 a 14 anos fazem sobre o processo de inclusão escolar na rede regular de ensino, no Município de Viçosa, MG. Utilizamos o Método Clínico Piagetiano, que tem como instrumento de coleta de dados a entrevista clínica, constituída de perguntas básicas e complementares e com apoio de material concreto. Nossa amostra foi constituída de 36 crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 14 anos, matriculados em duas escolas municipais, uma que atende à Educação Infantil e outra que atende ao Ensino Fundamental. Distinguimos quatro níveis de compreensão sobre o reconhecimento da diferença, ambiente físico, reconhecimento da deficiência e sobre o respeito e cooperação. A análise qualitativa dos dados das entrevistas indica que, de maneira geral, as crianças classificadas no Nível Pré-I não sentem necessidade ou não justificam seu raciocínio, e suas representações são embasadas na realidade cotidiana. No Nível I, as representações são fundamentadas nos aspectos mais visíveis da situação, o que está mais próximo da sua vivência. No Nível II, as crianças começam a formular uma concepção mais realista com relação à inclusão escolar, enquanto no Nível III as explicações são mais complexas, sendo capazes de sugerir soluções viáveis e realistas para as situações propostas, caracterizado pelo pensamento formal, podendo pensar sobre aspectos não visíveis da realidade. As crianças mais novas elaboram uma representação a partir de aspectos mais aparentes, e os mais velhos têm a capacidade de coordenar diferentes variáveis do problema. É ouvindo essas crianças e adolescentes que podemos identificar suas ideias e refletir sobre o papel da escola, da família e da sociedade com relação à inclusão escolar. Este estudo é um recorte de uma temática ampla, sendo necessários novos estudos que busquem aprofundar e conhecer as representações de crianças e adolescentes sobre aspectos que lhe dizem respeito, como a maneira de promover reflexos para a melhor vivência e convivência social.

A REPRESENTAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOBRE A INCLUSÃO ESCOLAR